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Onde investir com a SELIC a 2,25% a.a.?

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Mais uma vez, o Banco Central baixou a taxa de juros básica da economia, a SELIC, dessa vez para 2,25% a.a., sendo, então, o novo piso histórico da taxa SELIC desde que ela foi implantada.

Com a economia real cada vez pior, e taxas de inflação sob controle, a taxa de juros é um instrumento de política monetária usado para tentar incentivar a economia, afinal, o custo do dinheiro acaba sendo mais barato.

Se a notícia é boa para quem precisa de crédito, afinal, o custo do dinheiro tende a ficar mais barato (desde que os bancos, é claro, também diminuam os custos dos empréstimos), ela é ruim para os investidores denominados de rentistas, isto é, aquela parcela de investidores da classe conservadora, que concentra seus investimentos em ativos pós-fixados ao CDI, como CDB DI, Tesouro SELIC, fundos referenciados DI e similares.

Quais são as alternativas de investimentos para buscar investimentos com um retorno maior?

Sobre tal tema, escrevi algumas reflexões que servem de apoio para tomada de decisões. Confiram!

Preocupe-se com o retorno real de suas aplicações financeiras

Antes de mais nada, é preciso fazer o correto enquadramento da questão, antes que você apressadamente tome decisões olhando para os números de maneira equivocada.

Isso porque é preciso olhar não apenas para os retornos nominativos dos investimentos, mas sim para os retornos líquidos reais, isto é, descontados dos custos dos investimentos (tributos, tarifas, taxas de administração etc.), e principalmente dos custos inflacionários.

A SELIC está baixa porque, dentre outros motivos, a atividade econômica está igualmente baixa, o qual, por seu turno, está provocando uma inflação atualmente também em níveis baixos – sendo que, em alguns meses, houve até deflação.

Com uma inflação anual projetada na casa dos 1,60% a.a., e uma SELIC na casa dos 2,25% a.a., o ganho líquido real mensal esperado é extremamente baixo, oscilando em torno de 0,05% ao mês.

Pior: há possibilidade de, a se mantiverem as premissas acima estabelecidas, haver até investimentos com retornos reais negativos, isto é, que não consigam nem ganhar da inflação, como é o caso da caderneta de poupança.

Diante desse cenário incerto, o que fazer?

A primeira resposta seria, naturalmente, correr para investimentos que proporcionem alguma possibilidade de ganhos líquidos reais, como o Tesouro IPCA, que paga juros prefixados + IPCA, e fundos imobiliários, além das ações.

Sim, sem dúvidas são alternativas para se ganhar mais, ou para se poder ganhar mais (embora com mais riscos), obtendo-se inclusive retornos líquidos reais, isto é, acima de inflação, em percentuais maiores do que aqueles investimentos atrelados ao CDI/Selic.

Porém, aqui entra outro complicador: você conhece esses investimentos? Você já aplicou, já fez aportes, nesses investimentos? Você sabe como esses investimentos funcionam na prática?

Se você pretende investir no Tesouro IPCA, você sabe como funciona esse investimento? Sabe a diferença entre comprar um papel com vencimento em 2025 e outro com vencimento em 2035? Sabe se poderá haver perdas se resgatar antes do vencimento? Sabe onde é que se faz o cadastro para poder investir?

Responder de forma afirmativa a todas essas perguntas é fundamental por um simples motivo: ninguém sabe cuidar melhor do seu dinheiro do que você. Logo, ninguém melhor do que você é que poderá dar respostas adequadas para o destino de seus investimentos.

E aqui vem um ponto crucial desse artigo: nunca delegue o ato de pensar sobre seu dinheiro a terceiras pessoas. Nunca delegue o ato de decidir sobre seus investimentos a terceiras pessoas. E por quê isso? Porque, se alguma coisa der errada se você seguir o conselho de A, B ou C, você não poderá reclamar dessas terceiras pessoas, pois você… não cuidou de seu próprio dinheiro.

É sobre o princípio da responsabilidade pessoal da gestão financeira que estamos falando.

É muito confortável, por exemplo, você ter a confirmação de um terceiro, de um consultor, de um gerente, que você poderá investir seus R$ 5 mil atualmente na poupança num Tesouro IPCA que paga 4,07% a.a. + inflação.

Tá, você vai lá e executa a compra de títulos. Você confiou na dica de terceiros. Beleza.

Mas… e se, daqui a 3 meses, acontece uma turbulência qualquer na economia, e, momentaneamente, você tira um extrato do Tesouro Direto, e verifica que os mesmos R$ 5 mil agora valem R$ 4.500,00. O que você vai fazer? Culpar o seu gerente, o seu consultor, o seu amigo, pelo erro que você praticou? Mas você estudou sobre o investimento, ou foi na onda de terceiros? O que você sabe efetivamente sobre Tesouro Direto?

Invista em conhecimento, antes de investir dinheiro

Esse é um dos erros mais comuns dos investidores iniciantes: querem o resultado positivo, mas não querem o processo que resulta no retorno positivo. Querem o prêmio, mas não querem gastar o esforço mental que é necessário alcançar para conseguir o prêmio. Querem uma rentabilidade positiva, de preferência livre de riscos, de preferência com ganhos acima do CDI, de preferência com ganhos acima da inflação, mas não querem o trabalho de estudar e aprender sobre investimentos, não querem empregar o mesmo esforço mental que é necessário para ter sucesso nos investimentos. Ora, como conseguir resultados positivos se não houver esforço?

Por isso que aqui vale a máxima: faça e construa o seu próprio caminho nessa jornada de investir para ganhar mais que 0,05% ao mês de retorno líquido real com seus investimentos.

Use o método empírico, da tentativa e erro. Estuda, invista, experimente. Dando certo, avance. Não deu certo? Sentiu-se desconfortável ao ver um extrato mensal negativo? Descubra os motivos de o resultado ter sido negativo, e avalie se esse investimento é realmente para você, pois pode não ser.

Fundos imobiliários é pra você? Você compra ALZR11 e a cota cai 10% em 30 dias. Você sabe como reagir a uma notícia dessas? Você sabe o que é direito de subscrição? Com investir em algo que você não sabe, apenas porque alguém disse que vale a pena, se você nem se quer se deu ao trabalho de estudar, experimentar e concluir por conta própria?

Quando der alguma coisa errada em investimentos de maior risco, avalie se vale a pena suportar dores temporárias em prol de um retorno a longo prazo positivo. Veja se não é hora de sair do barco, ou se você continuar no barco. Mas tenha um papel ativo na construção de sua própria carteira de investimentos, e não um papel passivo, isolado, inerte, em que você não saiba ter atitudes críticas sobre o conhecimento que você recebe pelas mais diversas fontes.

A aquisição de novos conhecimentos sempre terá um efeito cumulativo, no sentido de agregar valor e fazer você ter respostas novas e diferentes. Por exemplo, a essa altura do campeonato, se você for leitor antigo do blog, já deve saber que um princípio básico da carteira de investimentos consiste na diversificação da carteira em diferentes classes de ativos, certo?

Mas e se eu lhe disser que uma diversificação da carteira pode prejudicar seus investimentos, e até aumentar, e não diminuir, os riscos?

Você leu esse artigo que publiquei um tempo atrás, Diversificar não é garantia de diminuição de riscos?

Pois é, então leia e tire suas próprias conclusões.

Voltando ao tema da aquisição de conhecimento, você pode ter, por exemplo, perfil para investir mais em ações e fundos imobiliários, mas até agora não investiu porque não gastou tempo conhecendo e interagindo nesse mundo da renda variável.

Você pode gostar da ideia de investir em Tesouro Direto, nos títulos prefixados e títulos atrelados ao IPCA, mas até agora não investiu porque não se deu ao luxo de construir seu próprio acervo de conhecimento e testes práticos sobre essa classe de investimentos em renda fixa.

Se você não faz a parte que lhe cabe e que está ao seu alcance, mais tarde você irá se arrepender por não ter adquirido um conhecimento que, testado a partir de vivências e experiências próprias, poderia ter lhe economizado muito dinheiro se não tivesse seguido cegamente recomendações de especialistas.

Sabe qual é a grande vantagem de adquirir conhecimento, estudar e aprender, e investir efetivamente, com erros e acertos no campo prático, no lugar de simplesmente seguir cegamente recomendações?

É que você adquire capacidade crítica de análise de riscos e oportunidades. Você passa a não aceitar qualquer coisa que lhe oferecem, seja essa coisa um COE da vida, seja essa coisa um fundo de investimentos multimercado com taxa de administração careira e uma performance pífia.

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Conclusão

Não existe fórmula mágica. Se você buscar no Google sobre recomendações de investimentos com a SELIC a 2,25% a.a., não fugirá do cardápio trivial oferecido nessa área, e da qual certamente você está farto de ler (inclusive aqui no blog 😉 ): fundos imobiliários, Tesouro IPCA, ações etc. Cada um desses investimentos oferece potencialidades e riscos – principalmente esses últimos. Não vou repetir aqui o que você já sabe à exaustão.

O que eu devo, isso sim, ressaltar nesse artigo, é destacar que você deve construir um saber crítico sobre todas essas modalidades de investimentos, a fim de poder manejar e remanejar seus investimentos consoante suas possibilidades, seu horizonte de investimentos e, principalmente, seus objetivos de médio e longo prazos com o seu portfólio.

Cada pessoa tem uma particularidade, e, portanto, uma necessidade individualizada de investimentos e objetivos não financeiros. Fazer a adequação correta entre meios (investimentos) e fins (metas não financeiras) é o grande objetivo desse processo. Bons investimentos! 😉

 

O post Onde investir com a SELIC a 2,25% a.a.? apareceu primeiro em Valores Reais.


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