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O que rende mais: uma LCA a 84% do CDI, uma LFT com taxa zero de custódia, um CDB a 100% do DI ou um fundo DI com 0,5% a.a. de taxa de administração?

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Com o atual patamar da taxa básica de juros na casa dos 12,25%, o maior dos últimos 4 anos, não resta dúvidas: os investimentos em renda fixa mais conservadores, ou seja, aqueles que seguem a SELIC/CDI, têm ganhado cada vez mais a preferência do investidor brasileiro, uma vez que seus “concorrentes” têm apresentado desempenho pífio no mercado financeiro.

A poupança perdeu muito de sua atratividade, e, com a taxa SELIC cada vez maior, tem perdido ainda mais espaço nas carteiras dos investidores. As ações estão “andando de lado” há praticamente 7 anos, e sobre elas os pequenos investidores têm investido cada vez menos, já que as pessoas físicas só costumam comprar ações quando, infelizmente, a Bolsa está em alta. Os fundos imobiliários sofrem duplamente: com a alta da taxa SELIC, que faz com que os investidores busquem aplicações mais seguras que rendam mais; e com os sinais cada vez mais evidentes de uma crise no setor imobiliário, haja vista que muitos fundos começam a apresentar problemas de inadimplência de inquilinos e vacância de lajes corporativas e salas comerciais. O dólar ainda é uma incógnita pois, apesar dessa recente escalada na cotação, para ganhar da renda fixa atrelada ao CDI, a moeda norte-americana tem que, por óbvio, apresentar um rendimento no mínimo equivalente, e não se sabe se o dólar ainda tem fôlego para subir mais 13% ou 14%.

E, diante desse contexto todo, como o Governo precisa combater a inflação, cujos índices oficiais já estão batendo na casa dos 7%, ele acaba utilizando a taxa básica de juros como instrumento para tentar viabilizar essa política econômica. Tentar tirar proveito desses juros altos passa a ser, assim, a alternativa que resta ao investidor para maximizar os ganhos na renda fixa, ou pelo menos tentar diminuir os efeitos corrosivos da inflação no poder de compra do dinheiro que foi economizado.

Dentro dessa linha de raciocínio, aplicações como Letras Financeiras do Tesouro (LFTs) do Tesouro Direto, fundos referenciados DI, CDBs pós fixados ao DI, Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) e Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) surgem como opções atrativas para garantir uma boa rentabilidade ao dinheiro investido.

A grande questão que se coloca é: diante de tantas opções na renda fixa, qual delas é a que proporciona a maior rentabilidade líquida, já descontados (eventuais) impostos e taxas?

Afinal, os números, para quem é leigo no assunto, parecem mais confundir do que ajudar. Aparentemente, um CDB que paga uma taxa de 100% do CDI seria mais rentável que uma LCA que paga uma taxa de 84% do mesmo CDI. Porém, no universo dos investimentos, o que ocorre é o contrário: é a LCA que paga mais. Isso porque é preciso conhecer a estrutura de custos dos produtos que estão sendo apresentados, dentre os quais se destaca sua estrutura tributária: nesse caso específico, a LCA rende mais porque sobre ela não incide imposto de renda, o qual, como sabemos, é um dos grandes vilões dos investimentos no mercado financeiro.

Desse modo, como já dizia Jack Bogle, no mercado financeiro, existe uma lógica própria, que constitui até um paradoxo, pois, quanto mais você paga por um produto, menos você recebe.

Fizemos abaixo um quadro comparativo dos principais investimentos em renda fixa disponíveis ao investidor pessoa física, considerando o tempo de investimento e o tipo de aplicação. Algumas premissas foram adotadas:

– Taxa SELIC constante de 12,25% a.a.;

– Mês padronizado de 21 (vinte e um) dias úteis;

– Os CDBs são apresentados com rendimentos que variam de 90% a até 105% do CDI. Observe que os menores rendimentos são obtidos nos bancos de primeira linha (BB, Itaú, Bradesco etc.), enquanto rendimentos de 100% ou mais somente são obtidos, via de regra, em bancos de médio e pequeno porte;

– As LTFs são apresentadas de acordo com a taxa de custódia cobrada pela corretora, 0,25% ou 0,50% a.a., já que isso impacta diretamente no resultado líquido final: quanto menor for a taxa a ser paga, maior a rentabilidade que se obtém. Os custos de 0,3% a.a. devidos ao Tesouro já foram deduzidos do cálculo da rentabilidade líquida;

– Os fundos referenciados DI são apresentados de acordo com a taxa de administração cobrada pelo gestor, de 0,5% ou 1% a.a. Bancos grandes também têm em seu portfólio fundos DI com taxas reduzidas, p.ex., de 0,5% a.a., mas exigem aportes mínimos gigantescos ou muito altos, por exemplo, a partir de R$ 500 mil. Por outro lado, é mais fácil conseguir fundos DI com reduzidas taxas de administração, e com aportes mínimos menores, em corretoras e gestores independentes. Atente, porém, que os fundos de investimento não contam com a proteção do Fundo Garantidor de Créditos, ao contrário dos CDBs, por exemplo;

– As LCIs e LCAs são apresentadas em função da rentabilidade líquida que pagam ao investidor.

– Nos fundos de investimentos, não foi levado em consideração o “come-cotas” semestral (IR retido na fonte sobre os rendimentos, da ordem de 15%), que fazem com que a rentabilidade de tais fundos sejam ainda menores. Grato ao leitor Cristiano pela preciosa observação!

Adicionamos a caderneta de poupança ao quadro de investimentos, mas apenas para efeitos de comparação, já que é um produto ainda muito utilizado, principalmente para quem não tem educação financeira suficiente para conhecer investimentos mais rentáveis e até mais seguros.

Vejam o resultado final na tabela abaixo:

LCI LCA CDB LFT Ref DI Poupança

Algumas conclusões se impõem. Vamos a elas.

1. A poupança deve ser completamente descartada, inclusive como reserva de emergências.

Observem que até um CDB que remunera a uma taxa de 90% do CDI oferece uma rentabilidade superior à caderneta de poupança, e a diferença em favor do CDB a 90% do DI, que é o produto mais fraco apresentado, vai aumentando com o decorrer do tempo (efeito dos juros compostos).

Foi-se o tempo em que a poupança era uma boa alternativa de investimento, até como reserva de emergências. Com a inflação beirando os 7%, os ganhos reais (reais, e não nominais) do investimento em poupança são praticamente inexistentes, e ela ainda conta com a desvantagem de você precisar manter o dinheiro até a data de aniversário para ter algum rendimento acrescido.

E, como a tendência esse ano é a SELIC ficar em patamares ainda elevados (na casa dos 12% para cima), não tenha dúvidas: a não ser que não exista outra alternativa para investimento, descarte-a de seu portfólio.

2. A LFT continua sendo uma ótima alternativa para utilização do investimento a curto prazo.

Em bancos de grande porte, dificilmente o investidor pessoa física conseguirá obter, para uma aplicação de valores pequenos, digamos, R$ 3.300,00, um CDB com 100% do DI, ou um fundo referenciado DI com taxa de administração de 0,5% a.a. Para conseguir uma rentabilidade maior, só mesmo investindo em produtos de corretoras e gestores independentes, o que pode não ser aceito por você, por inúmeros motivos, dentre os quais os temores relativos ao risco de crédito e falta de segurança (no aspecto subjetivo) em aplicar nessas instituições financeiras de menor porte.

Em situações assim, bem como em inúmeras outras, a LFT é uma ótima alternativa, principalmente se você conseguir operar por meio de uma corretora com taxa zero de custódia, pois, num caso assim, para um investimento mantido por um prazo de 6 meses (com R$ 3,3k é possível hoje comprar 0,5 LFT), a rentabilidade líquida alcançada (4,59%) superaria aquela que seria obtida num CDB a 90% do CDI (4,21%) e superaria até mesmo a rentabilidade de um fundo DI que cobra 1% a.a de taxa de administração (4,51%).

No Tesouro Direto, também vale a máxima de procurar corretoras que cobrem a menor taxa de custódia possível, a fim de conseguir obter a maior rentabilidade líquida final.

3. Para obter rendimentos líquidos maiores na renda fixa, de duas uma: ou correndo mais riscos (bancos pequenos), ou aportando maiores valores (bancos grandes)

Risco e retorno estão intrinsecamente ligados, já diria William Bernstein, e essa afirmação aplica-se em sua inteireza no caso da conservadora classe de ativos da renda fixa, particularmente daquela pós-fixada à SELIC.

Basicamente, corre-se o risco, para obter maior retorno, na renda fixa, de duas maneiras: ou indo para bancos de médio e pequeno porte, no caso principalmente daqueles que não dispõem de grande soma de dinheiro para investimentos; ou aportando maiores valores, nos bancos grandes. Nesse último caso, o risco se encontra na concentração dos investimentos, pois há possível ocorrência do custo de oportunidade, já que, mesmo em grandes bancos, dificilmente se conseguirá obter uma LCI ou LCA que renda 95% do CDI, ou um CDB com remuneração de uma taxa de 105% do CDI.

Os comentários de centenas de leitores na caixa de discussões de meu post sobre a Letra de Crédito do Agronegócio (LCA) demonstram bem quão difícil é conseguir majorar o percentual de 84% que o BB oferece por padrão para quem dispõe de R$ 30 mil para investimentos nessa Letra. Mesmo quem tem milhões de reais na conta bancária não consegue mais do que 91% do CDI para a LCA do BB, percentual esse que se consegue com relativa facilidade para quem dispões de apenas R$ 1 mil, R$ 5 mil ou R$ 10 mil para investimentos em LCAs em bancos de pequeno porte.

Aqui ainda se deve adicionar uma particularidade, pois as maiores taxas remuneratórias, tanto para as LCIs/LCAs quanto para os CDBs, além de estarem atreladas ao maior risco de crédito da instituição financeira ofertante, ainda estão muitas vezes atreladas a maiores prazos de carência.

Ou seja, se você quiser uma taxa de 90% na LCA do Banco “X”, deve deixar o dinheiro aplicado por 6 meses; porém, se quiser uma taxa de 95% nesse mesmo banco, deve deixar o dinheiro investido por 4 anos. Isso, sem dúvida, aumenta o risco, uma vez que se aumenta proporcionalmente o prêmio que se paga por esse mesmo risco.

4. A isenção de imposto de renda faz toda a diferença

Existem 3 inimigos ferozes contra seus investimentos, e ao qual você deve combater com todas as suas forças. São eles: inflação, tributação e custos operacionais. Essa “tríade do mal”não só tira de você aquilo que você poderia obter a mais em termos de dinheiro entrando efetivamente em sua conta (custos operacionais e impostos), mas também corrói o poder de compra de seu dinheiro, em termos reais (a inflação).

Como podemos ver no quadro acima, as LCIs e LCAs ganharam, disparado, de todos os demais investimentos pós-fixados ao CDI (com exceção do CDB que remunera a uma taxa superior a 100% do CDI, mas ainda assim a partir de 6 meses de investimento). É notável observar que mesmo a LCI/LCA que rende “apenas” 84% do CDI consegue ter um retorno líquido superior ao CDB que paga 105% do CDI – pelo menos até o quinto mês, pois, a partir daí, a tabela regressiva do imposto de renda faz a diferença positiva a favor do CDB, que passa a render mais a partir do sexto mês – 4,93% para o CDB a 105% do CDI contra 4,90% da LCI a 84% do CDI.

Na comparação entre os investimentos que são tributados pelo imposto de renda, a regra número 1 do investidor, para obter o maior retorno líquido, é manter o investimento pelo máximo de tempo possível, preferencialmente acima de 2 anos, uma vez que, a partir de 720 dias de aplicação, o imposto de renda sobre os rendimentos cai para 15%.

Para aplicar na LCA do BB, vai aqui a dica do leitor David (a quem agradecemos) sobre os requisitos necessários:

– Ou ter uma renda comprovada mínima de R$ 8 mil mensais.
– Ou ter investido no BB (Poupança, Fundos, CDB) o mínimo de R$ 100 mil;

E essa nossa conversa sobre tributação nos leva à quinta e última conclusão…

5. Regra geral para todas as aplicações financeiras: não fique “girando capital”, trocando de investimento a cada hora

Por quê isso? Ora, porque, agindo assim, você não só pagará maior imposto sobre os rendimentos (exceto no caso das LCIs e LCAs, que não são tributáveis), como também pagará mais custos a título de taxas de administração e custódia, diminuindo o valor líquido que teria a receber, e – mais importante de tudo – deixará de fazer com que a tal “mágica dos juros compostos” faça seu trabalho de forma correta.

Ademais, como bem alertou o TBB (grato pela dica!), existem outros custos implícitos que não podem ser desconsiderados: pagamento de tarifas de DOC/TED a cada movimentação interbancária, confecção de atualização de cadastro junto às corretoras e às “assets”, tarifas de saque e resgate de dinheiro (impostas por algumas corretoras) etc.

Dê tempo ao tempo. Respeite os prazos de carência de seus investimentos, mantenha-os o máximo possível de tempo em sua carteira, e faça escolhas inteligentes de suas aplicações financeiras, sempre adequando seus investimentos financeiros às suas metas não financeiras.

Conclusão

Não existe investimento com alto retorno e baixo risco. O maior retorno sempre está necessariamente ligado a um maior risco. Da mesma forma que, na Bolsa de Valores, as ações Small Caps têm retornos históricos superiores às ações Mid e Large Caps; na renda fixa o maior retorno também está atrelado a quem oferece maior risco.

Diante da diversidade de ofertas de investimentos atrelados ao CDI/SELIC, é preciso fazer cálculo antes de decidir em qual produto aplicar, tendo em mente, sempre, seus objetivos não-financeiros com o dinheiro investido, e observando, igualmente, o risco do banco emissor dos produtos em que você está pensando em aplicar.

Há de se observar, também, aplicações em investimentos atrelados à inflação, como as NTN-Bs, já que todas estão pagando, no presente momento, mais de 6% a.a. + IPCA:

Tesouro Direto

Como eu disse em outro tópico,

Boas escolhas financeiras farão não só seu dinheiro render mais, como também lhe garantirão que esse mesmo dinheiro estará te conduzindo às suas metas não financeiras de modo mais rápido e seguro possível.

Bons investimentos!

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